quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Alice do Outro Lado de um Espelho Quebrado




Ainda agora acompanhava a notícia de uma jovem chamada Roberta Baêta, 17 anos, militante, politizada, extremamente realista, inteligente e, me pareceu, um tanto amargurada e inconstante. Jamais tinha ouvido falar nela até então, mas intrigada, busquei sua página pessoal, sua página fictícia(Stormella Ovacionada) e uma outra, mais recente, onde os amigos prestam suas homenagens e postam os textos da adolescente.
Meu choque foi imenso, posto que via a mim mesma em cada post dela, em cada amargura, em cada pergunta sem resposta, em cada angústia não compreendida, não verbalizada. Lembrei de como passava noites em claro, me questionando, questionando o mundo e a mim mesma com grande intensidade. Lembrei das crises de choro, do vazio no peito, na dor que doía em algum lugar que eu não sabia bem onde era. Lembrei da gilete, dos talhos nos braços, nas pernas, da dor do sangue escorrendo que escondia por um tempo a dor que a alma sentia. Lembrei de estar em uma idade onde tudo era a ferro e fogo, e as questões políticas, filosóficas e existenciais me consumiam.
Então, não sei bem como, ocorreu essa estranha mudança, essa travessia da água ao vinho (visto que a água é bem mais preciosa, mais necessária que o vinho) e cá estou eu, balzaquiana, entretida nas importantes questões de contas a pagar, aluguel que vai vencer, trocar ou não de carro, comprar novos sapatos...enfim...quando? Como foi que isso aconteceu? Onde eu estava que não me vi mudar? Quando foi que assenti e aceitei? Por quê me deixei levar pelo rio cotidiano, pela maré imunda do conformismo e do consumismo? Por quê eu ainda trabalho num lugar que odeio? Por quê abaixo a cabeça para tudo que um dia me foi tão repugnante? Como foi que eu cheguei aqui e por quê eu continuo aqui se isso me faz tão infeliz?
Olha Roberta, eu não conheci você, mas gostaria que soubesse da minha história. Gostaria que pudesse pesar os dois lados da balança. Morrer de olhos fechados ou morrer pra continuar vivendo? Talvez para mim ainda haja tempo de deixar de ser um Zumbi, uma casca humana recheada de tarjas pretas que imitam emoções fúteis. Talvez ainda consiga achar o caminho que trilhei certa vez, talvez não.
Sei lá se você tomou a decisão certa, guria, mas queria te dizer que eu entendo você.

Heey, brilhe onde estiver, garota!

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Perdida...como sempre.



Nós fazemos planos, Deus rabisca por cima.
Meus sonhos são levados pelo vento. Minha vida levo como desejam que eu leve.Não há escolha nem caminhos alternativos.Então alterno entre o desespero e a raiva, a tristeza e a culpa. 
Euforia e bom senso não trazem ninguém de volta. 
Nem lágrimas nem risos, então escolho eu o que melhor me convém.


Ninguém me escuta, ninguém me vê...fantasma sou eu e o que restou de mim.
Recolho meus cacos e junto tudo.Jamais será igual. Sou porcelana quebrada...
Por que dizer quando ninguém te escuta?
Por que sorrir quando se está despedaçada?
O limbo é aqui.
Peço ajuda ao meu bom Guardião para entender e escolher o caminho certo: 
É o que conforta o coração?
É o que te acompanha desde sempre?
Onde está a verdade?


Tenho um vazio que nada preenche, um vento interior quase tempestade.
Ninguém entende e não há cura para isso.
Como confortar um coração como o meu?


"Decifro-te" ou devora-me.

À beira do Abismo

Viver no meu mundo é difícil...na verdade chega a ser cruel.
Estar no limite, contemplar todos os dias a beira do abismo. Se jogar é sempre uma opção...
Conviver com ódio e tristeza todos os dias, encontrar espantada sinais de insanidade em si mesma.
Se o mundo não te entende, como você pode saber que está certa?
Cultivar flores em períodos como esse, de terra árida e seca é tarefa complicada, mas tem que ser feita.
Quando o Sol voltar a brilhar é preciso que seja primavera.
Agora tudo é inverno. Palavras de gelo flutuam no ar frio. A névoa da incompreensão, a neblina das discussões inúteis. Não se chega a lugar algum.
Na beira do abismo faz frio agora... 


Tenho medo.
Serei forte o suficiente?
É longa a espera pela estação das flores,
mas não há saída.
É preciso aguardar, à beira do abismo.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Me despedir de mim mesma

Melancolia além da conta agora.
Antes, a dor era insuportável, sem sentido, um imenso vazio que nada preenchia.
Agora as coisas mudaram e eu acrescento à dor já velha conhecida sentimentos novos: 
minha culpa por não ter me esforçado mais, ter sido uma melhor mãe, esse não-sei-quê que fica em você quando descobre que alguém que você ama não é assim tão perfeito, que falhou quando você precisou. Culpa dividida por dois ainda é culpa.
O tempo passando te causa dor. 
Medo. Um medo absurdo do que virá, do que te espera o amanhã.


Eu tenho medo de viver. 


Preciso caminhar de mãos dadas, dia após dia, na parceria é possível viver.
Ser feliz? Me parece improvável.
Sinto que isso tudo mudou algo em mim, e era algo que eu gostava.
Eu cresci. 
Daquela maneira que o Peter Pan sempre se recusou, sabe?
Eu me recusava também. A dor me obrigou. 
A verdade terrível que se estendeu sobre os meus olhos nos últimos dias fez isso comigo. 
Não era necessário. Perdi minha essência, algo se quebrou.
Não sei pra onde fui, mas qualquer que seja o lugar deve ser melhor que aqui.
Adeus pra mim, 
vou sentir saudades.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O Monstro de Olhos Verdes

Uma da manhã. Impossível dormir apesar dos remédios. Gostaria que funcionassem.
Marido dormindo do lado, já não liga pras lágrimas noturnas, acha simples terminar discussão com um abraço e pronto.
A raiva me consome, fermentada por ciúme e indiferença...
Agora as pessoas me deixam chorar em paz, o luto explica.
E esse é o ponto em que recomeço: meu pequeno Sol está bem e sei que logo voltará. Assim terei um bom motivo para suportar todo o resto...
Eu choro mesmo é a falta de atenção, o ciúme sem resposta, a desatenção com as pequenas coisas.
O que há pra esconder?
Pensava que casais dividiam tudo, se deixavam tomar posse, sem medo ou cinismo.
Será que incorporar o outro em sua vida é assim tão difícil?
Sinto-me um nada.
Aqui estou eu de novo, bichinho na parede, resguardando insetos interiores.
Mas agora preciso ser forte, o Sol precisa voltar.
Por isso fodam-se seus princípios de privacidade, as "amigas" do MSN qye você diz que não conhece. "Eu tenho preguiça de apagar quem não importa", você diz. Mas não me deixa ver também. Se você sabe que isso alivia o meu desespero, por que não deixa? Que mal tem se você é inocente? Então me chama de ciumenta, controladora...e cinco minutos depois vem todo doce, chamando de meu amor.
Depois eu é quem sou borderline.
Fecho esse ciclo: raiva imensa.



sábado, 23 de julho de 2011

Promessas ao Sol

Faz frio.
Vontade de me manter na cama indefinidamente e esquecer tudo o que está acontecendo.
Eu quero aceitar e seguir em frente, quero não me deixar ferir tanto, mas é impossível.
Meu humor varia entre a tristeza e a melancolia, e uma raiva extrema. De tudo.
Odeio não poder por aí falando as verdades que me doem. Odeio ser incompreendida.
Tenho que ficar presa aqui e fugir dos olhares de dó, dos sussurros, das pessoas medindo palavras ao falar comigo.
Quando durmo o mundo é tranquilo e suave, ao acordar vem o baque cruel.
MEU FILHO MORREU.
"E se's brotam na minha cabeça o tempo todo...
A culpa e o remorso corroem até o fundo da minha alma.
Ele era só um bebezinho...eu nem o peguei no colo, nem uma vez.
Dizem que Deus sabe de todas as coisas...
Há meses eu não escrevia nada aqui, estava curada...
E agora?
Eu sonhava levá-lo à praia, ver as tartarugas marinhas tão perto de casa...
Ensinar a nadar, a pescar...
Comprei-lhe livros para que os amasse desde pequeno.
Um guerreiro, disseram todos. Lutou bravamente pela vida.
Eu devia aprender com ele, lutar pela minha, ficar boa...terminar projetos inacabados, consertar sonhos quebrados. Eu devo isso a ele, que lutou tanto.
Porque ele vai voltar e quero que me encontre melhor.
Mas, como começar se a tristeza não te deixa? Presa na garganta, com um choro seco.
Queria poder chorar até isso tudo se esvair.
Queria estar inteira de novo.

terça-feira, 5 de julho de 2011